Explico ao senhor: o diabo vige dentro do homem, os crespos
do homem – ou é o homem arruinado, ou o homem dos avessos.
Solto, por si, cidadão, é que não tem diabo nenhum. Nenhum!
– é o que digo. O senhor aprova? Me declare tudo,
franco – é alta mercê que me faz: e pedir posso, encarecido.
Este caso – por estúrdio que me vejam – é de minha certa
importância. Tomara não fosse... Mas, não diga que o senhor,
assisado e instruído, que acredita na pessoa dele?! Não? Lhe
agradeço! Sua alta opinião compõe minha valia. Já sabia, esperava
por ela – já o campo! Ah, a gente, na velhice, carece de ter
uma aragem de descanso. Lhe agradeço. Tem diabo nenhum.
Nem espírito. Nunca vi. Alguém devia de ver, então era eu
mesmo, este vosso servidor. Fosse lhe contar... Bem, o diabo
regula seu estado preto, nas criaturas, nas mulheres, nos homens.
Até: nas crianças – eu digo. Pois não é o ditado: “menino
– trem do diabo”? E nos usos, nas plantas, nas águas, na terra,
no vento... Estrumes... O diabo na rua, no meio do redemunho...
(Guimarães Rosa. Grande Sertão: Veredas.)
O texto de Guimarães Rosa mostra uma forma peculiar de escrita, denunciada pelos recursos lingüísticos empregados pelo escritor. Dentre as características do texto, está
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