Os índios Wainasses, depois de terem perdido muitíssimos homens em combates com os adversários tamoios, chamaram os portugueses em seu auxílio. Em conseqüência, meu amo, governador da cidade, mandou o filho Martim de Sá a socorrê-los com setecentos portugueses e dois mil índios (...). Veio ter conosco um selvagem de nome Alécio, o qual trouxe consigo oitenta flecheiros, e ofereceu-se para acompanhar o capitão Martim de Sá com os seus (...). Na seguinte noite, vendo o capitão que Alécio estava deitado no chão, tomou-me a rede em que eu tencionava dormir, e deu-a ao canibal, de modo que tive de resignar-me a pernoitar no chão.
Adaptado de KNIVET, Anthony. “Notável viagem que, no ano de 1591 e seguintes, fez Antônio Knivet, da Inglaterra ao mar do sul, em companhia de Thomas Candish”, in: Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, t. 56, vol. 48, 1878, pp. 224 – 226.
O relato acima foi escrito por um corsário inglês aprisionado e escravizado por Salvador Correia de Sá, governador do Rio de Janeiro em fins do século XVI. Mesmo escravizado, Knivet não se conformava em receber um tratamento pior do que o oferecido ao “canibal”. Este texto põe em dúvida as análises que reduzem as relações entre os portugueses e os índios ao genocídio e à escravização.
Explique como a concepção de guerra predominante entre as populações indígenas contribuiu para a formação da sociedade colonial no século XVI.
O candidato deverá lembrar que a cultura indígena tendia a naturalizar os enfrentamentos bélicos, tornando guerra e vingança elementos essenciais à afirmação da identidade da comunidade. É nesse sentido que ocorreu grande interferência da lógica cultural e social das populações indígenas para a montagem da sociedade colonial – a guerra produzia prisioneiros, os quais podiam passar às mãos dos portugueses aliados a um dos lados em conflito, para logo serem transformados em escravos. O candidato poderá ainda mencionar que tal transformação muitas vezes encontrava resistência da parte dos indígenas (prisioneiros ou vencedores), pois era logicamente contrária à própria reiteração da identidade comunal.
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