Leia o trecho apresentado a seguir.
Ainda não seria naquela tarde que Pererico falaria ao gerente, pois somavam a centenas as pessoas que aguardavam a oportunidade de serem recebidas e as audiências terminavam impreterivelmente às dezoito horas. Nem assim se abandonou à impaciência, embora lhe fosse desagradável a perspectiva de uma estada demorada fora de casa. As observações colhidas durante o tempo que passou na fila poderiam ser úteis no futuro e aumentavam a sua confiança no sucesso da missão. Verificou também que as pessoas atendidas na gerência retornavam alegres, demonstrando ter solucionado seus problemas ou, pelo menos, sido tratadas com deferência. […] Pererico recuperara a segurança e o poder de decisão que exibia quando ali estivera pela primeira vez. Caminhou na direção do negro, suspendeu-o pelas axilas, obrigando-o a levantar-se:
– Hoje, miserável, ou falo com o seu chefe ou lhe quebro os dentes e espatifo os móveis do escritório.
– A violência é desnecessária: o gerente morreu. Largou-o. O choque fora violento. Contrafeito, restava-lhe uma pergunta:
– Ficaram muitos sem falar com ele?
– Somente você. Nas duas últimas semanas, prevendo a proximidade da morte, atendeu a todos os que apareceram.
RUBIÃO, Murilo. A fila. In: ______. Obra completa. São Paulo: Companhia das Letras, 2010. p. 77; 87.
As reflexões existencialistas, comumente atribuídas à prosa de Murilo Rubião, são visíveis em vários contos do livro Obra completa, a exemplo de “A fila”. Considerando-se o enredo desse conto e sua relação com a temática citada, responda:
a) as ações e o fracasso da personagem conduzem a que conclusão sobre a existência humana? (3,0 pontos)
b) Que recurso utilizado pelo autor minimiza o caráter amargo das reflexões existencialistas contidas no texto? (2,0 pontos)
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