CRIAÇÃO
O verbo nunca esteve no início
dos grandes acontecimentos.
No início estamos nós, sujeitos
sem predicados,
tímidos,
embaraçados,
às voltas com mil pequenos problemas
de delicadezas,
de tentativas e recuos
neste jogo que se improvisa à sombra
do bem e do mal.
No início estão as reticências,
este-querer-não-querendo,
os meios-tons,
a meia-luz,
os interditos
e as grandes hesitações
que se iluminam
e se apagam de repente.
No início não há memória nem sentença,
apenas um jeito do coração
enunciar que uma flor vai-se abrindo
como um dia de festa, ou de verão.
No início ou no fim (tudo é finício)
a gente se lembra de que está mesmo com Deus
à espera de um grande acontecimento
mas nunca se dá conta de que é preciso
ir roendo,
roendo,
roendo
um osso duro de roer.
TELES, Gilberto Mendonça. Melhores poemas. Seleção de Luiz Busatto. 3. ed. São Paulo: Global, 2001. p. 101.
Sobre o poema “Criação”, é INCORRETO afirmar:
TEMPO NA QUESTÃO
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