INSTRUÇÃO: Leia o trecho de uma crônica de Lima Barreto e responda às questões 36 e 37.
Eu também sou candidato a deputado. Nada mais justo. Primeiro: eu não pretendo fazer coisa alguma pela Pátria, pela família, pela humanidade. Um deputado que quisesse fazer qualquer coisa dessas, ver-se-ia bambo, pois teria, certamente, os duzentos e tantos espíritos dos seus colegas contra ele. Contra as suas ideias levantar-se-iam duas centenas de pessoas do mais profundo bom senso. Assim, para poder fazer alguma coisa útil,
não farei coisa alguma, a não ser receber o subsídio. Eis aí em que vai consistir o máximo da minha ação parlamentar, caso o preclaro eleitorado sufrague o meu nome nas urnas. Recebendo os três contos mensais, darei mais conforto à mulher e aos filhos, ficando mais generoso nas facadas aos amigos. Desde que minha mulher e os meus filhos passem melhor de cama, mesa e roupas, a humanidade ganha. Ganha, porque, sendo eles parcelas da humanidade, a sua situação melhorando, essa melhoria refl ete sobre o todo de que fazem parte. (...) Razões tão ponderosas e justas, creio, até agora, nenhum candidato apresentou, e espero da clarividência dos homens livres e orientados o sufrágio do meu humilde nome, para ocupar uma cadeira de deputado, por qualquer Estado, província ou emirado, porque, nesse ponto, não faço questão alguma. Às urnas.
(“O novo manifesto”, Vida urbana, Rio, 16/1/1915)
Com base no excerto e em seu contexto, preencha os parênteses com V para verdadeiro e F para falso.
( ) Elaborada para ser publicada na mídia impressa ou na internet, a crônica é um gênero que se abastece dos fatos do cotidiano, e por isso pode perder a atualidade com o passar do tempo, situação que ocorre em “O novo manifesto”.
( ) O texto, com forte viés autobiográfi co, trabalha com a função de linguagem apelativa, uma vez que o cronista tenta convencer o leitor a ir às urnas e votar nele, que aqui manifesta suas intenções reais em usufruir a vida de político.
( ) Outra característica da crônica em geral é a linguagem coloquial, traço que pouco aparece em “O novo manifesto”, cujo estilo e composição procuram reproduzir a oratória do discurso político.
( ) Toda a lógica na construção do discurso de convencimento do narrador ao eleitorado/leitor parte de uma premissa de benefício próprio.
A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é
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