Marque o que for correto sobre o modo como se compõe a narração de Lucíola, de José de Alencar:

O livro é uma coleção de cartas trocadas entre a Senhora G.M. e Paulo. Há, assim, dois narradores que contam versões complementares de uma mesma história. A Senhora G.M., amiga de Lúcia (já morta no momento da escrita das missivas), recorda fatos da vida da protagonista antes de Paulo a encontrar. Já Paulo, em suas cartas, conta do que viveu no período em que se relacionou (chegando a se casar) com Lúcia, sendo depois traído por ela.

Lucíola é narrado em primeira pessoa por Paulo Silva, que conta sua história com Lúcia em cartas dirigidas a uma certa senhora, G. M. No prefácio, intitulado "Ao Autor", a senhora G. M. afirma que reuniu as cartas de Paulo e as apresenta em formato de livro com o título Lucíola. Os capítulos corresponderiam, assim, a cartas que Paulo teria enviado a sua interlocutora para comentar por escrito – vexado de fazê-lo oralmente, dado o que há de polêmico no tema – a vida de uma prostituta, que foi a mulher que ele mais amou.

Influenciado por A Dama das Camélias, de Alexandre Dumas, Lucíola é um romance moderno, elaborado formalmente de modo complexo. Sobrepõem-se (e contradizem-se) as vozes de Paulo e Lúcia. Não há uma definição quanto ao perfil moral da protagonista já que em sua própria narração, ela se ressente dos percalços de sua vida de prostituída, e mostra arrependimento. Já aos olhos de Paulo, no que narra da vida dela, Lúcia é descrita como uma mulher sem caráter.

Definido como romance epistolar (baseado no modelo do romance Os Sofrimentos do Jovem Werther, de Goethe) Lucíola tem a sua intriga informada, de modo muito emotivo, pelas cartas de Lúcia a sua irmã Ana. Perto da morte, ela escreve um texto revelador de aspectos obscuros de sua vida – como a até então omitida prática da prostituição -, buscando, ao final, purificar-se com o perdão da destinatária de seu escrito.

Narrado em terceira pessoa, visto pela perspectiva onisciente de um narrador isento e objetivo (como é próprio dos textos realistas escritos por José de Alencar), Lucíola tem uma estrutura de ação linear, que conduz o leitor, de modo lógico, ao desfecho da história de Lúcia, apresentada a princípio como uma prostituta jovem, bela e rica, mas que tem o transcurso de sua vida modificado pela aproximação de Paulo e sua proposta de “salvação” motivada pelo amor que ele demonstra sentir por ela.